sábado, 9 de setembro de 2017

Para os caloiros... A minha experiência no primeiro ano de faculdade.

O teu primeiro ano de faculdade vai ser cheio de emoção. Cada um tem a sua experiência, e esta é a minha...
Não entrei na minha primeira opção, como era de esperar foi uma choradeira porque tinha a certeza que ia entrar na que tinha colocado no topo... No entanto, não foi o que aconteceu.
A minha família disse para eu ter calma e incentivou-me a dar uma oportunidade ao curso, a uma nova vida, a uma nova cidade... Coimbra. Tudo tem uma razão de ser, mas eu só pensava "vou mas não vou gostar, já sei".
Até que de tantas pesquisas e de textos com títulos do género; "O meu primeiro ano da faculdade...", "Não entrei na minha primeira opção? E agora?",etc...
Deparei-me com um que já não me recordo do título, mas uma frase ficou comigo desde que o li: "Prometi a mim mesma ir para aquela cidade de braços abertos". E foi o que fiz.
Fui recebida pelas/os doutoras/es do meu curso que se mostraram sempre disponíveis para o que precisássemos e falaram-nos na praxe.

A PRAXE
Ora a praxe, um tema que levanta muitas opiniões e maior parte de pessoas que nem na faculdade andaram.
Decidi experimentar... Resumindo desisti no primeiro dia, não achei mal mas também não me identifiquei.
Pensei logo "Já não vou a jantares nenhuns e se calhar nem me vou integrar". MAIOR MENTIRA. Quando disse que queria desistir, as doutoras vieram logo falar comigo e disseram: "Mesmo que não queiras fazer parte da praxe, vais aos convívios, falas connosco na mesma e podes trajar que nada tem a ver com a praxe!".
A praxe integra, mas também não é tudo. Podes integrar-te sem fazer parte da praxe. Eu pura e simplesmente não gosto que "mandem" em mim e não ligo a hierarquias, o que sigo é: Respeito-te e respeitas-me de volta! Independentemente se és doutor ou não.
Uma das coisas que também nos disseram "Caloiros não são obrigados a fazerem o que não querem...", "Se sentirem humilhados falem connosco"... O que achei de valor por parte das/os doutoras/es.
A praxe é para quem quiser, há quem ache terrível, há quem adore e há quem não se identifique.
Uma coisa tens de ter em conta, só podes dar a tua opinião se realmente foste à praxe, não por ouvires histórias de faculdades que se calhar nem estão nas tuas opções para ingressares.
Já ouvi imensas histórias, de pessoas que foram maltratadas, insultadas e até abusadas fisicamente. Mas isso nunca irei chamar praxe... mas abuso, pois os que fazem isso são frustrados que sem controlo na própria vida, gostam de mandar na dos outros e de fazer marionetas as novas "cobaias".
Felizmente no meu curso não foi assim, e tive a maior sorte em encontrar pessoas genuínas e de diferentes cidades que se mostraram sempre disponíveis a ajudar, mesmo eu não fazendo parte da praxe.

FOI DIFÍCIL A ADAPTAÇÃO?
Uma pergunta que ouvi imensas vezes e de pessoas de várias idades.
Eu só pus nas minhas opções de ingresso faculdades fora da minha cidade. Já sabia que ia ser uma aventura para onde fosse.
Para quem tem a certeza que vai entrar na primeira opção ou se forem todas as opções na mesma cidade (mas fora da tua original), aconselho a procurarem casa com um mês de antecedência. Fui no dia a seguir às inscrições e para encontrar um apartamento barato, com boas condições e numa boa localização foi difícil.
Viver longe dos teus amigos, da tua família, da tua casa, da comida dá mãe... Dá saudades e choro, o que é normal e não é preciso ter vergonha por isso, quase todos passam pelo mesmo.
A adaptação foi complicada, vida completamente nova.
Acredita em mim, não vais ser o/a único/a a passar por isso, vais ver imensos pais e filhos a carregarem malas e comida para uma nova casa, onde com beijos e abraços de despedida se vê um pouco de emoção na família por verem os filhos, netos, irmãos a crescer.
Por vezes custa crescer, mas vale tanto a pena sairmos da nossa zona de conforto. Imensas aventuras, memórias incríveis e boas histórias acontecem fora da nossa zona de conforto.
Vais chorar, vais querer desistir, vais achar que não te estás a adaptar, não vais gostar de imensas cadeiras, vais querer mudar de curso, vais ter saudades... mas também vais sorrir, tirar fotografias, fazer amigos, beber, divertir-te, estudar um pouco, vais ter cadeiras interessantes, vais ver que o teu curso não serve só para uma saída profissional mas que tem diversas vertentes que antes de entrares no curso nem sabias disso, a tua mentalidade vai mudar, vais conhecer outras pessoas e histórias... E não te vais arrepender de teres ficado mais um semestre e depois pensar "Eu posso ficar bem aqui...".
Tantas vezes quis desistir e tantas vezes falei com os meus amigos sobre isso, e depois apercebi-me que maior parte de nós passou pelo mesmo... mas não desistimos.

COIMBRA 
Cidade incrível, pessoas incríveis, a amada cidade dos estudantes.
Uma cidade que me recebeu tão bem, tão única...
As ruas que tanto cansam a subir e que quase substituem um ginásio, valem a pena só pela incrível vista que se tem.
Não substitui a minha cidade mãe, mas é a minha segunda casa sem dúvida.
Para todos aqueles que querem estudar fora, Coimbra é uma opção digna de ser escolhida. E espero que vos receba tão bem como me recebeu a mim.


PARA FINALIZAR
As pessoas que conheci, a responsabilidade, a independência, a diferente rotina e uma cidade incrível que me recebeu tão bem valeu a pena todo o choro, saudade, vontade de desistir e dúvidas que surgiram. Tudo fez parte para eu crescer e não mudaria nada.
Como último conselho a quem vai para uma nova cidade... Vai de braços abertos, inspira e deixa-te inspirar, não desistas no primeiro semestre, segue a tua intuição, dúvidas vais ter sempre,não és o único a passar pelo mesmo, liga-te a pessoas que achas que te ajudam a andar para frente, que gostem mesmo de ti e que possas tê-los como amigos que pretendes levar para a vida inteira e se trajares usa a capa negra com orgulho e aí chora muito, mas de felicidade por um ano que passou e que deixa saudades e memórias marcantes.
E acima de tudo, tem calma, respira, inspira e deixa-te inspirar, o primeiro ano passa a correr e vai valer a pena, caloiro/a.



- Bárbara Pires